Ênfase no ensino

O professor no ato de ensinar, geralmente vê-se como o fornecedor de informação e como o principal responsável pelos resultados obtidos, já que acreditam que ao ensinar os seus alunos aprendem. 

“A sua arte é a arte da exposição” (Legrand, 1976, p.63). Seus alunos, por sua vez, recebem a informação, que é fornecida coletivamente. Demonstram a receptividade e a assimilação correta por meio do “dever”, “tarefa”, “trabalho” ou “prova” individual. 

As preocupações básicas deste tipo de professor podem ser expressas por indagações do tipo: “Que programa devo seguir?”, “Que matéria devo dar?”, “Que critério deverei utilizar para aprovar ou reprovar os alunos?” São preocupações que refletem a adoção dos princípios da escola clássica.

Uma crítica bastante consciente a esta postura pode ser encontrada em Paulo Freire (1985). Para ele: 

“A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em ‘vasilhas’, em recipientes a serem ‘enchidos’ pelo educador. Quanto mais vá enchendo os recipientes com seus ‘depósitos’, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixarem totalmente ‘encher’ tanto melhores educandos serão” (Freire, 1985, p.66). 

Este tipo de educação, caracterizada pelo ato de depositar, transferir, transmitir, valores e conhecimentos é chamado por Paulo Freire de “bancária”. Nela:

“(a) O educador é o que educa; os educandos, os que são educados;

(b) o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem;

(c) o educador é o que pensa; os educandos, os pensados;

(d) o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente;

(e) o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados;

(f) o educador é o que opta e prescreve a sua opção; os educandos, os que seguem a prescrição;

(g) o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam, na atuação do educador;

(h) o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais são ouvidos nesta escolha, acomodam-se a ele;

(i) o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que se opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele;

(j) o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos” (Freire, 1985, p.67).

Professor Paulo Freire

Nasceu no dia 19 de setembro de 1921 em Recife, no nordeste do Brasil, e faleceu em 2 de maio de 1997 em São Paulo.

Sua obra provou ser adaptável a diversas disciplinas, tais como: teoria literária, composição, filosofia, etnografia, ciência política, sociologia, formação de professores, teologia, etc. 

Uma de suas principais obras, da qual retirei as informações ao lado, é Pedagogia do Oprimido, 15a edição, São Paulo, 1985 e que foi editada pela Editora Paz e Terra. 

 

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