Síntese da segunda aula da unidade 1 Material preparado para uma consulta rápida.
Atualizado: 03-09-2016 |
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O objetivo inicial da unidade 1 é evocar os conceitos de Física que são pré-requisitos para o seu desenvolvimento e mostrar o porque e para que desenvolver esta unidade.
Evoco um movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) através do exemplo
esquematizado pela figura 1, onde considero os seguintes dados:
α - ângulo de inclinação
G1 - peso do corpo 1
Por se tratar de um MRUV, podemos afirmar que existe uma força resultante (R), que apresenta a mesma direção e sentido do movimento cuja intensidade pode ser obtida pela equação 1:
A figura 2, tem como objetivo evocar a decomposição da força peso, onde ao considerar, tanto o triângulo I como o triângulo II, sabe-se que a soma dos seus ângulos internos é igual a 180º .
Lembre também que retas paralelas ao interceptarem uma mesma reta, formam com
esta um mesmo ângulo.
Considerando o triângulo I e evocando os conceitos de seno e co-seno, podemos escrever que:
Saliento que a componente normal é neutralizada pelo plano de apoio.
Para o nosso curso, preenchemos o espaço anular entre o corpo 1 e o plano de
apoio com um fluido lubrificante, que inicialmente tem como finalidade eliminar
o atrito sólido x sólido e em seguida transformar o movimento retilíneo
uniformemente variado em movimento retilíneo uniforme (MU), o que equivale a
dizer que a força resultante (R) será neutralizada por uma força de mesma
intensidade, mesma direção, porém sentido contrário, que é denominada de força
de resistência viscosa (Fµ ).
Esta nova situação é representada pela figura 3:
Figura 3
Através dela, podemos escrever a equação 2:
O que foi apresentado até o momento vale para o movimento retilíneo.
É só este tipo de movimento que interessa para o curso?
Não, a tal ponto que passamos a evocar os conceitos de um movimento circular
variado, que é representado pela figura 4:
Figura 4
A rotação (n) não é constante e é originada por um torque (momento motor), cuja intensidade pode ser calculada pela equação 3:
Preenchendo o espaço anular entre o cilindro e o mancal com um óleo lubrificante adequado, pode-se neutralizar o momento motor através de um momento resistente viscoso (MRµ) que é originado pela força de resistência viscosa (Fµ), veja figura 5.
Figura 5
Como o momento motor foi neutralizado o sistema passa a ter um movimento circular uniforme, o que possibilita a obtenção da equação 4:
A velocidade escalar representada na figura 5 pode ser calculada pela equação 5, onde a rotação (n) é considerada em rps.
Através desta unidade introduzimos os conceitos básicos de fluidos, que são pré-requisitos para o estudo:
• de sistemas de lubrificação;
• de mecânica dos fluidos no que se refere a compreensão da existência de dissipação de energia ao longo dos escoamentos fluidos.
1.2 Conceito de fluido
É uma substância que não apresenta forma própria e estando em repouso não
resiste a esforços tangenciais por menores que estes se apresentem, o que
equivale a dizer que a mesma se deforma continuamente.
1.3 Fluido como meio lubrificante
Para um corpo deslizar sobre outro, deve-se vencer uma força adversa
denominada: força de atrito.
O atrito pode ser estático: os corpos permanecem imóveis, ou cinemático ou de
deslizamento, que é devido basicamente a dois fatores:
• rugosidade da superfície;
• tendência das áreas mais planas das superfícies se soldarem, quando submetidas a condições severas de deslizamento.
Apesar do atrito apresentar uma série de aspectos positivos, já que sem o mesmo
seria impossível andar, ou até mesmo frear um automóvel, em muitas outras
aplicações ele é indesejável, pois se gasta uma certa quantidade de energia para
vencê-lo, o que implica em perda, tanto da potência como do rendimento do
sistema. Além disto, sabemos que o atrito pode acarretar em aumento da
temperatura das partes que se encontram em contato, podendo até mesmo originar
uma fusão das mesmas.
• O que aconteceria com o motor de um veículo, se o mesmo operar sem o óleo lubrificante?
Uma das tarefas do engenheiro consiste em controlar o atrito, aumentá-lo onde o
mesmo é necessário e reduzi-lo onde for inconveniente.
Desejando reduzi-lo, recorremos a lubrificação, que consiste em introduzir uma
película fluida com a finalidade de transformar o atrito sólido x sólido em
sólido x fluido.
Todos os fluidos, de um certo modo, são lubrificantes, sendo que alguns
apresentam melhor desempenho do que outros. A escolha adequada de um fluido
lubrificante é responsável por uma boa eficiência ou não do funcionamento do
sistema.
• O que aconteceria com o motor do veículo se fosse escolhida a água como fluido lubrificante?
Certos derivados do petróleo mostraram ser excelentes fluidos lubrificantes, já
que:
• apresentam elevada capacidade de umectação;
• apresentam capacidade de aderência, o que permite a formação de uma película “permanente” do fluido lubrificante.
1.4 Cálculo da força de resistência viscosa - (Fµ )
A figura 6 mostra duas superfícies deslizantes que estão separadas por um fluido
lubrificante, que geralmente apresenta um fluxo laminar, ou seja, a película é
composta de camadas extremamente finas ou lâminas, cada uma movendo-se na mesma
direção, porém com velocidades diferentes.
Com as lâminas se movendo com velocidades diferentes, cada lâmina deverá
deslizar sobre a outra, o que comprova a existência de uma força entre elas.
A resistência a esta força, considerada por unidade de área é denominada de
tensão de cisalhamento (t).
onde “A” é a área de contato entre a superfície em movimento e a película do lubrificante.
corpo móvel
lubrificante
corpo fixo
figura 6
A figura 6 representa a experiência das duas placas realizada por Newton.
1.4.1 Cálculo da tensão de cisalhamento - (t)
A tensão de cisalhamento é calculada pela lei de Newton da viscosidade.
1.4.2 Lei de Newton da viscosidade
Newton ao realizar a experiência das duas placas (figura 7), estabeleceu que:
“A tensão de cisalhamento é diretamente proporcional ao gradiente de velocidade.”
placa móvel y vp
e
placa fixa
figura 7
1.4.3 Princípio de aderência
“As partículas fluidas em contato com uma superfície sólida apresentam a
velocidade da superfície.”
Ao considerar o princípio de aderência na figura 7, podemos concluir que ao
longo da espessura (ε) do fluido a sua velocidade varia de zero, junto à placa
fixa, até vp junto à placa móvel.
1.4.4 Cálculo do gradiente de velocidade
O gradiente de velocidade pode ser definido por uma derivada direcional da
velocidade, através da qual estudamos a variação da velocidade segundo a direção
mais rápida da sua variação.
Considerando a figura 7, pergunta-se qual a direção mais rápida da variação
da velocidade?
É a direção perpendicular as placas, a qual será o eixo y, isto porque estamos
levando em conta a hipótese do escoamento ser unidirecional.
Neste caso o enunciado da lei de Newton pode ser representada pela expressão 1:
Para calcular o gradiente de velocidade (dv/dy), devemos estabelecer a função da velocidade em relação ao eixo escolhido, no nosso caso v = f(y).
Pela hipótese de escoamento laminar esta função pode ser representada por uma
parábola como mostra a figura 8:
Devemos impor condições de contorno com o objetivo de determinar a, b e c:
Resolvendo o sistema de equações especificado acima obtemos:
Portanto para o escoamento laminar v = f(y) pode ser representada pela equação 7:
onde:
• vp- é a velocidade escalar constante da placa móvel
• ε - é a espessura do fluido lubrificante colocada entre as placas
Através da equação 7, podemos representar a variação do gradiente de velocidade
em função de y, como mostra a figura 9.