A origem da formação inadequada do brasileiro teve o seu início na ocupação pelos portugueses em 1500, isto porque não se tinha um projeto de nação, já que aqui viviam: os índios, que queriam que todos fossem embora; os negros, que foram trazidos à  força e escravizados e os europeus, que só desejavam se apoderar das riquezas e irem embora.

No período de 1500 a 1800, poderíamos afirmar que não havia intenção de formação de nação e em consequência nenhuma intenção de bem formar. 

Em 1822, não querendo acatar a idéia de voltar a Portugal, D Pedro I fala – “diga ao povo que fico...” e proclama a independência, independência proclamada pelo próprio colonizador.

Em 14 de novembro de 1889 o povo dormiu sobre o império e acorda sobre a república, o que comprova mais uma vez, que o povo de nada participava, fato este que não teve grandes alterações até os dias de hoje. 

De 1889 a 1930 aparece à escola tradicional que é a escola para a elite, ou seja, para a pequena minoria. Este tipo de escola é aquela centrada no professor, o que implica dizer que ela valoriza a memória, onde se continua a dar o conhecimento para que não se possa pensar, continua a adquirir e reproduzir para não criar e continua a consumir em lugar de realizar o trabalho de reflexão.

Até esta data (1930) o povo estava fora da escola e quando em 1930 surge a escola para todos, surge também a “ESCOLANOVISMO” que deixou de lado os conteúdos dando ênfase ao “adestramento” que atinge principalmente o “povão”, o qual não tinha escolha e nem estrutura para aprender fora da escola. 

Apesar da “escola para todos”, foi só em 1970 que o “povão” entra realmente na escola e aí só se tem o TECNICISMO, onde o aluno é só tratado como "produto".

Eu diria que estão aí os grandes problemas da educação brasileira, que consegue sobreviver sem praticamente nenhum projeto pedagógico e com deficiências do tipo: ensino centrado no professor, o que equivale a dizer que prevalece; o isolamento pedagógico, onde o docente além de ser uma “ilha” se considera o “dono” da sala de aula e o “dono” do saber e da competência em sua área; um ser que não precisa ouvir ninguém, muito menos o aluno, obrigando-o a conviver com situações totalmente desassociadas de seu cotidiano; o medo, um dos maiores responsáveis pela não eficiência, ou até mesmo, ausência de formação, já que o medo tira das pessoas o seu orgulho, ferindo-as e tirando-lhes a oportunidade de aprender, pensar e criar, e se comprometer e participar de sua formação; ensino que deixa de lado os conteúdos e preocupa-se basicamente com o “adestramento” e com a preparação da “mão de obra” para o mercado, que geralmente não a valoriza e que exige como “formação”, tanto o conformismo com a convivência com o fatalismo e o ensino baseado nas técnicas, o que reforça as condições descritas anteriormente, negligenciando a formação de cidadãos autônomos e responsáveis pela construção de seu próprio mundo, que passa a ser construído segundo os interesses de uma pequena minoria.

A grande maioria dos nossos professores para agravar o problema, transforma as nossas escolas em “arquipélagos” (departamentos), que são formados por “ilhas” (disciplinas do departamento), onde não se fala o mesmo idioma, principalmente o dos alunos, o que resulta, além de uma comunicação ineficiente, muitas vezes indecifrável para um grande número de pessoas que constituem a comunidade acadêmica. 

Neste tipo de instituição impera a metodologia tecnicista, onde os alunos são sempre considerados como “tabulas rasa”, o que equivale a dizer que além de não respeitar seus conhecimentos anteriores, valoriza-se principalmente o adestramento da memória e a mera reprodução dos conhecimentos, tanto para avaliação como para promoção, representando desta forma um exemplo vivo do que o professor Paulo Freire denominou de educação bancária.

Nesta escola não se forma um homem completo, já que as técnicas acabam por colocar a seu serviço o próprio homem, que não será completo enquanto não aprender a olhar para dentro de si e tentar descobrir o mistério de sua interioridade, desenvolver sua sensibilidade e criatividade que o conduzirão a  desvendar a riqueza de seu ser e compreender o sentido de sua vida e aí usar os meios modernos para edificar a comunidade e ser feliz. 

Neste tipo de escola, por melhor que seja a intenção do docente, cada um corre para uma dada direção, resultando em alunos técnicos e em muitas vezes, com grandes dificuldades de saber para onde ir, e quando não se sabe para onde ir, ou se mantém o status quo chegando a lugar nenhum, ou há uma formação ineficiente sob o ponto de vista crítico e humanista.

Nesta escola, o aluno é mais uma “ilha”, geralmente não prioritária, onde se fala um idioma completamente diferente dos falados nos “arquipélagos”, resultando na ausência de motivação e comprometimento na conquista da excelência de sua formação. 

Como consequência desta falta de integração (ausência ou não conhecimento do projeto pedagógico) obtém-se formações deficientes, muitas vezes promovidas por currículos ultrapassados, ou mesmo por currículos originados por batalhas entre as “ilhas” que deram origem às reformas curriculares inadequadas para a formação de um mundo mais justo e humano.

Como não tenho o poder, nem tão pouco as vias de comunicações a meu serviço, mesmo não sendo o dono da verdade, resolvi recorrer a Internet e divulgar este meu projeto – A Escola da Vida.  

A minha esperança é sensibilizar meus alunos, e outros que por ventura se interessarem pelo assunto, a quebrar a linearidade de apresentação dos conteúdos acadêmicos, que no meu entendimento é outro grande responsável pelos adestramentos e desmotivações dos alunos. 

Nesta minha proposta, o docente não se limita as velhas fichas e nem tão pouco aos conteúdos estabelecidos pelos currículos, quase sempre inadequados para as concretizações das mudanças almejadas para uma formação crítica e humanista.

Resolvi recorrer a linguagem digital, pois além de ser uma linguagem hoje sem fronteiras, permite romper limites, mudar discursos e gerar flexibilidade. 

Infelizmente, tenho a consciência que não conseguirei desta forma atingir a todas as camadas, porém era preciso começar e aí ter a possibilidade de transformar meus sonhos em realidade. 

E como é igualmente importante não sonhar só, resolvi pensar em sonhar com meus alunos e transmitir o sonho via internet e aí, até mesmo evocando o “velho” e saudoso Raul Seixas, viver um de seus refrães: “sonho que se sonha junto não é sonho, mas sim realidade."

Através desta proposta, recorro a não linearidade do pensamento para se ter uma situação mais próxima da nossa maneira de pensar, o que ao meu ver, também possibilitará uma formação mais eficiente (este será um dos pontos a ser pesquisado nestes próximos anos). 

 

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