A
Renovação Pedagógica na Engenharia e a Formação dos Formadores
dos Engenheiros.
Prof. Dr.Marcos T.Masetto - Prof. Titular da PUC-SP e Prof.Titular da Universidade Mackenzie Convidado
a participar, como debatedor, do II Ciclo de Teleconferências sobre o
Ensino da Engenharia , sobre o tema indicado no título destas considerações
, pareceu-me oportuno apresentar umas primeiras idéias para iniciar o
debate. Muito
significativo o fato de os organizadores desta teleconferência, ao
proporem o tema de renovação pedagógica , vincularem a ele o da formação
dos formadores dos engenheiros. É muito comum que ao se falar de renovação
pedagógica , imediatamente se associem propostas de reformas
curriculares, de novas técnicas em sala de aula, de se mudar o processo
de avaliação, de se reverem os textos , de se usarem novas tecnologias
ligadas ao computador, à informática e a telemática. E o docente, que
é, juntamente com o aluno, um dos elementos
mais importantes do processo de mudança , costuma ser deixado de lado,
como se ele estivesse preparado para essa alternativa , ou não
necessitasse de renovação. Em
que consiste esta renovação? Numa mudança de mentalidade sobre seu
papel como docente ou formador em nossos cursos superiores. Não é um
tecnólogo ou especialista, que domina uma área de conhecimento e um
mundo de experiências que vai transferir seus conhecimentos para outros
aprendizes quaisquer ; é um professor-educador que vai colaborar para que
aquele jovem aprenda a ser um engenheiro competente e compromissado
com o desenvolvimento da sociedade em que vive. Esta
mudança se manifesta em aceitar: · que o sujeito, o elemento mais importante deste processo de formação é o próprio aprendiz, o aluno e não o professor- transmissor de conhecimentos ; · que este processo de formação do engenheiro abrange toda a sua pessoa : inteligência, competências e habilidades humanas e profissionais, valores, ética , cidadania. As soluções técnicas para resolver problemas que se apresentam ao engenheiro sempre têm conseqüências que afetam o homem e seu meio, e isto não pode deixar de ser aprendido pelo engenheiro ; · que o papel do professor é de ser mediador entre o aprendiz e aquilo que precisa ser aprendido ; é de parceria com os alunos e de dividir a responsabilidade pela aprendizagem com eles ; é de incentivo e motivação para buscar informações ,produzir conhecimento significativo, dialogar e debater , desenvolver competências e assumir o papel social de todo o profissional; · que há necessidade de se lançar mão de toda tecnologia que possa ser útil para tornar a aprendizagem mais eficiente e mais eficaz . Isto exigirá um conhecimento e domínio de muitas técnicas para que se possa selecionar aquelas que sejam mais adequadas aos nossos objetivos e mais motivadoras para nossos alunos . A exploração das técnicas vinculadas à informática para melhorar a qualidade do ensino de graduação e responder às exigências contemporâneas é fundamental; · que o processo de avaliação precisa ser urgentemente modificado visando torná-lo um processo de retro-informações contínuo que ajude o aluno a aprender durante o processo e aprendizagem, durante o curso que ele está fazendo e o incentive para isto; ao invés de se apresentar apenas como um sistema de julgamento , seguido de uma sentença, apresentado ao final de um curso ; ·
que
cada disciplina precisa responder qual é sua contribuição específica
para a formação o engenheiro 2001 , como ela se integra com as demais ,
como poderá ser aproveitada durante o curso e posteriormente nas
atividades profissionais ; como se constrói o currículo e com se
implanta o mesmo; ·
que há necessidade de se abrir
para o trabalho em equipe com outros colegas professores da mesma
área, de áreas afins e mesmo de outras áreas do conhecimento,
exercitando-se em atividade interdisciplinar; ·
que sua atividade como professor –educador e formador de
engenheiros tem uma conotação política e ética, enquanto pessoa que
age em sua totalidade e que concentra em si mesmo tanto a
profissionalidade como a
cidadania do engenheiro professor. Tenho escrito alguns livros e capítulos de livros, bem como artigos em revistas sobre estes temas. Destacarei as publicações que entendo mais importantes: 1. O Professor Universitário em Aula , M.G. Ed. S.Paulo, 1998, 11ªed. 2. Aulas Vivas , M. G. Ed., São Paulo, 1998 , 2ª ed. 3. Docência na Universidade (Organização) ,Papirus, Campinas, São Paulo, 1998 4. Didática, A aula com centro , F.T.D. ,São Paulo, 1994 5. Aula na Universidade, cap. Do livro : Didática e Interdisciplinaridade, Organização. de Ivani Fazenda , Papirus,1998 6. Discutindo o processo ensino-aprendizagem no Ensino Superior , cap. De livro :Educação Médica , Ernesto Lima Gonçalves e Eduardo Marcondes (Organizadores) , ed. Sarvier, São Paulo 1998 |