Pergunta: Se as práticas escolares tradicionais não vão poder se sustentar na cibercultura, o que vem por aí? |
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Andrea: "Em vez de salas de aula organizadas apenas por idade, teremos grupos formados em torno de temas e interesses de pesquisa. Em vez de professores-transmissores de conteúdos, dinamizadores da inteligência coletiva dos grupos, pessoas que conseguem mobilizar as competências dos indivíduos e fazê-las dialogar, colocando-as produtivamente a serviço de projetos comuns. Em vez de escolas fechadas nos próprios muros, salas de aula com janelas e conexões, verdadeiros centros de cultura e de saberes humanos. Em vez de grades curriculares e níveis de ensino, redes de conhecimento, currículos personalizados, com ritmos diferentes e caminhos que se abrem conforme a necessidade e o interesse. Nesse ambiente, não consigo mais imaginar uma avaliação realizada através de provas únicas, com o mesmo conteúdo para todos, no mesmo dia, e definidos por outra pessoa. Não posso conceber notas atribuídas através de testes sobre assuntos distantes da realidade, que tenham que ser resolvidos de memória, sem consulta, fora das equipes de trabalho. Nessa escola, o aluno não mais estudará pela nota do boletim ou para “passar de ano”, mas terá outras motivações, pois os conteúdos serão interessantes e terão relação direta com a vida, as pesquisas serão desenvolvidas para satisfazer curiosidades que foram despertadas sobre o mundo, e aprender será algo natural na consciência de futuros cidadãos que desejam se aprimorar para colocar-se a serviço da comunidade." |
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Pergunta: Dentro desse ciberpanorama como fica o professor? Ou qual deve ser a postura dele? |
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Andrea: "Usando a linguagem dos PCNs, vejo o papel decisivo do professor nos três eixos de conteúdos curriculares: nos conteúdos conceituais, como arquiteto cognitivo, traçando as melhores estratégias e definindo os métodos mais adequados para que o aluno chegue a uma construção ativa do conhecimento; nos conteúdos procedimentais, atuando como dinamizador de grupos, ajudando os estudantes a descobrirem as formas pelas quais se chega ao saber, os processos mais eficazes e o diálogo possível entre as disciplinas, gerenciando uma sala de aula na qual os estudantes desenvolvem diferentes talentos e se engajam em parcerias produtivas; e nos conteúdos atitudinais, como educador, estimulando a consciência crítica para que todos os recursos desse novo mundo sejam utilizados para construir também uma nova humanidade, com base nos critérios de justiça social e respeito à dignidade humana. Essa tríplice figura: arquiteto cognitivo-dinamizador de grupos-educador é o professor do novo milênio. E as salas de aulas de hoje já esperam por ele." |
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