Na
formação
de professores
é fundamental que se conheçam e que se considerem as suas práxis. |
É
comum nos depararmos com profissionais de diversas áreas atuando como
professores do ensino superior e em quase sua totalidade eles não tiveram
uma formação especifica para isto. Nestes
casos, afirmamos que tais profissionais estão sendo professores e que
isto representa uma de suas ações com o mundo. Será
que suas atuações podem ser consideradas como teoria da educação?
Na
nossa opinião sim e para justificá-la,
proponho uma reflexão baseada em um trecho escrito pelo professor Paulo
Freire, em seu livro – EXTENSÃO E
COMUNICAÇÃO[1]
–
página 40:
“Qualquer
que seja contudo, o nível em que se dá a ação do homem sobre o mundo,
esta ação subentende uma teoria. ... Sendo assim, impõe-se que tenhamos
uma clara e lúcida compreensão de nossa ação, que envolve uma teoria,
quer o saibamos ou não. A filosofia da ciência, como a da técnica, não
é um divertimento dos que não atuam; não é uma perda de tempo, como
pode parecer aos tecnicistas – mas não aos técnicos. Isto representa
uma reflexão filosófica. Cabe a esta reflexão incidir sobre a ação e
desvelá-la em seus objetivos, em seus meios, em sua eficiência. Ao fazê-lo,
o que antes talvez não se apresentasse a nós como teoria de nossa ação,
se nos revela como tal. E se a teoria e a prática são algo indicotomizável,
a reflexão sobre a ação ressalta a teoria, sem a qual a ação (ou a prática)
não é verdadeira. A prática, por sua vez, ganha uma significação nova
ao ser iluminada por uma teoria da qual o sujeito que atua se apropria
lucidamente.”
Diante desta reflexão, devemos quebrar o paradigma de
inferioridade, assumida ou imposta por profissionais da área de educação
a estes profissionais, por eles muitas vezes considerados “leigos”, e
além de incentivá-los a escrever suas práticas, procurar dialogar com
eles sobre as mesmas para uma melhoria do processo ensino &
aprendizado, já que “ninguém sabe tudo, assim como ninguém ignora
tudo[2].”
O importante é que haja um trabalho de convencimento
destes profissionais da importância dos conhecimentos da pedagogia em sua
prática, feito isto, na grande maioria dos casos, a sua atuação passa a
ser surpreendente, já que ao se mostrarem conscientes de saberem pouco da
mesma começam a construção de seu conhecimento, vide o próprio exemplo
do professor Paulo Freire[3]. “É sabendo que se sabe pouco que uma pessoa se prepara para saber mais. Se tivéssemos um saber absoluto, já não poderíamos continuar sabendo, pois que este seria um saber que não estaria sendo. Quem tudo soubesse já não poderia saber, pois não indagaria. O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz constantemente o seu saber[4].” |